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Língua Portuguesa
Interpretação de Texto
Conteúdo de estudo para o concurso da Assembleia Legislativa de Rondônia (ALE-RO) – temas gerais para todos os cargos.
Apostila completa com conceitos, tipos de questões, estratégias e exercícios comentados, alinhados ao perfil das principais bancas.
O que é interpretar um texto?
Interpretar um texto não é adivinhar o que o autor "quis dizer", mas sim construir o sentido a partir de três pilares:
- Texto: o que está escrito (palavras, estrutura, organização).
- Contexto: situação de comunicação, época, gênero, suporte.
- Leitor: conhecimentos prévios, experiências, repertório.
Em prova, interpretação é a capacidade de ler com atenção, localizar informações e inferir o que não está explícito sem contrariar o texto.
Habilidades cobradas em concursos
- Identificar a ideia principal de um texto.
- Reconhecer o objetivo do autor.
- Perceber relações de causa, consequência, oposição, comparação etc.
- Inferir informações implícitas.
- Interpretar pronomes, conectivos, tempos verbais.
- Relacionar título, parágrafos e conclusão.
Compreensão
Inferência
Coerência
Coesão
1. Compreensão x Interpretação
A banca costuma trabalhar com dois níveis de leitura:
- Compreensão: foco no que está explícito no texto. Perguntas de localizar, copiar, identificar informações diretamente apresentadas.
- Interpretação: foco no que está implícito, em inferências lógicas a partir do que foi dito, sem extrapolar.
Exemplo simples
Texto: "João saiu de casa com guarda-chuva e voltou com a roupa molhada."
- Compreensão: Que objeto João levou? → Guarda-chuva.
- Interpretação: O que provavelmente aconteceu? → Choveu e o guarda-chuva não foi suficiente ou não foi usado corretamente.
Atalho para a prova
Se a alternativa contraria o texto, mesmo que pareça "lógica", está errada. Em interpretação de texto, sua base é sempre: "onde isso aparece ou é sustentado no texto?".
2. Estrutura típica de textos em provas
Grande parte dos textos usados em concursos segue uma estrutura relativamente previsível. Identificar essa estrutura facilita achar a ideia central e responder às questões.
2.1. Textos dissertativo-argumentativos
- Introdução: apresenta o tema e, muitas vezes, uma tese (posição do autor).
- Desenvolvimento: argumentos, exemplos, dados, comparações, contra-argumentos.
- Conclusão: retoma a tese, apresenta síntese ou proposta.
Em interpretação, é comum a banca perguntar:
- Qual é o tema do texto?
- Qual é a tese defendida pelo autor?
- Que argumentos sustentam essa tese?
- O que a conclusão acrescenta?
2.2. Textos narrativos
- Foco em personagens, tempo, espaço, enredo e narrador.
- Questões podem explorar: ponto de vista, sequência de fatos, ironia, implícitos nas ações.
2.3. Textos injuntivos e instrucionais
- São textos que orientam ações: manuais, editais, regulamentos, tutoriais.
- Em concursos, costumam aparecer para cobrar interpretação literal: o que é permitido, proibido, obrigatório.
Cuidado com pegadinhas
- Alternativas que usam palavras como sempre, nunca, totalmente, exclusivamente costumam ser perigosas.
- Leia com atenção os advérbios de intensidade e de frequência: eles podem distorcer a ideia original.
3. Estratégias práticas de leitura em prova
Como o tempo é limitado, é fundamental ter um roteiro de leitura. Uma estratégia eficiente é:
- Ler rapidamente o enunciado de 2 ou 3 questões antes de ler o texto.
- Fazer uma leitura global do texto, sem se preocupar ainda com detalhes.
- Voltar às questões e reler apenas os trechos necessários com atenção.
- Grifar palavras-chave: oposição (mas, porém), conclusão (portanto, logo), adição (além disso, também).
Técnica do "não vi isso no texto"
Se você lê uma alternativa e percebe que a ideia não apareceu em nenhum trecho, ou apareceu de forma diferente, marque mentalmente: "extrapolou o texto". Essas são candidatas fortes a estarem erradas.
4. Exemplo completo com questões comentadas
Texto 1
Em um mundo saturado de informações, a leitura atenta tornou-se um ato de resistência. Entre notificações, mensagens instantâneas e manchetes que se sucedem em poucos segundos, o leitor é constantemente convidado a saltar de conteúdo em conteúdo, dificilmente permanecendo tempo suficiente para aprofundar qualquer tema.
Não se trata apenas de uma questão de preferência pessoal, mas de um novo modo de organizar o pensamento. Textos longos são vistos, muitas vezes, como um obstáculo à rapidez que se espera das interações diárias. Consequentemente, cresce a tentação de ler apenas títulos e resumos, confiando que eles bastam para formar uma opinião.
O problema é que, ao abrir mão da leitura cuidadosa, abre-se espaço para interpretações apressadas, simplificações exageradas e conclusões frágeis. Em outras palavras, quanto menos se lê, mais vulnerável o leitor se torna a manipulações e distorções.
Nesse cenário, insistir em ler com calma é quase um gesto contracorrente: exige tempo, exige foco e, sobretudo, disposição para conviver com a complexidade. No entanto, é justamente essa complexidade que protege o leitor de visões limitadas e de respostas fáceis demais para problemas profundamente difíceis.
1. De acordo com o texto, qual é a principal consequência de se abrir mão da leitura cuidadosa?
(A) Aumento da quantidade de informações disponíveis.
(B) Diminuição do interesse por textos longos.
(C) Formação de opiniões mais rápidas e eficientes.
(D) Maior vulnerabilidade a manipulações e distorções.
(E) Substituição completa de livros por notícias curtas.
Gabarito: Letra D.
Comentário: O terceiro parágrafo afirma que, ao abrir mão da leitura cuidadosa, "abre-se espaço para interpretações apressadas, simplificações exageradas e conclusões frágeis", deixando o leitor mais vulnerável a manipulações e distorções. As demais alternativas não são afirmadas pelo texto.
2. No trecho "Textos longos são vistos, muitas vezes, como um obstáculo à rapidez que se espera das interações diárias" (2º parágrafo), a expressão "obstáculo à rapidez" revela:
(A) que textos longos sempre são ineficientes.
(B) a percepção de que textos longos atrapalham a dinâmica atual de comunicação.
(C) uma crítica direta à existência de textos longos.
(D) que leitores experientes rejeitam textos curtos.
(E) que a leitura rápida é, em qualquer situação, superficial.
Gabarito: Letra B.
Comentário: O texto descreve uma percepção contemporânea: na lógica da comunicação rápida, textos longos são vistos como um obstáculo, o que corresponde à alternativa B. O autor não diz que textos longos são sempre ineficientes nem critica sua existência em si; ao contrário, defende a leitura cuidadosa.
3. A afirmação "insistir em ler com calma é quase um gesto contracorrente" (4º parágrafo) sugere que:
(A) a leitura lenta é socialmente incentivada.
(B) a maioria das pessoas já abandonou a leitura.
(C) ler com calma vai contra a dinâmica predominante de consumo de informação.
(D) apenas especialistas conseguem ler devagar.
(E) a leitura cuidadosa é inútil no mundo atual.
Gabarito: Letra C.
Comentário: "Gesto contracorrente" indica algo que vai contra a corrente, contra a tendência geral. O texto mostra que a tendência predominante é a rapidez e a superficialidade; logo, ler com calma contraria essa dinâmica. As outras alternativas exageram ou distorcem o texto.
5. Tipos frequentes de questões de interpretação
5.1. Questões sobre ideia central
Pedem o tema ou a tese principal. Exigem que você identifique aquilo que organiza o texto como um todo, e não apenas um detalhe de um parágrafo.
- Perguntas típicas: "O texto trata, principalmente, de..."; "Qual é a ideia central...?".
- Dica: observe título, início e fim do texto. Muitas vezes, a tese é apresentada na introdução e retomada na conclusão.
5.2. Questões de inferência
Exigem que você deduza algo que não está dito literalmente, mas é naturalmente sugerido pelo texto.
- Desconfie de alternativas que usem ideias radicais que o texto não sustenta.
- Busque sempre: "Se o autor disse X e Y, o que se pode concluir?".
5.3. Questões sobre pronomes e coesão
Pedem para identificar a que se refere um pronome (ele, isso, isso, tal, esse problema etc.) ou como um conectivo organiza o raciocínio (mas, portanto, embora, porque).
- Retome sempre 1 ou 2 frases antes do pronome.
- Teste mentalmente: "se eu trocar o pronome pelo termo original, a frase continua coerente?".
5.4. Questões de "verdadeiro ou falso" disfarçadas
Muitas bancas (FGV, FCC, Cebraspe) gostam de apresentar alternativas que fazem afirmações sobre o texto. A tarefa é julgar se cada uma delas é compatível ou não com o que foi dito.
- Grife trechos do texto que confirmem ou contrariem cada alternativa.
- Uma única palavra alterada (como um advérbio de intensidade) pode tornar a alternativa errada.
6. Erros mais comuns dos candidatos
- Ler apenas o enunciado e as alternativas, sem voltar ao texto.
- Responder pela experiência pessoal, e não pelo que o texto sustenta.
- Ignorar conectivos (mas, porém, contudo, portanto), que mudam o sentido da frase.
- Desconsiderar o contexto (gênero, autor, veículo, data).
Regra de ouro
Nunca marque uma alternativa apenas porque ela "parece correta" em termos gerais. Ela precisa estar alinhada ao texto específico que você acabou de ler.
7. Mini-lista de treino imediato
Para consolidar o conteúdo, experimente, com o Texto 1:
- Escrever, com suas palavras, uma frase que resuma a ideia central.
- Localizar um trecho que mostre a opinião do autor sobre a leitura superficial.
- Identificar duas expressões que indiquem oposição ou contraste no texto.
Material de apoio para estudo de Interpretação de Texto voltado ao concurso da Assembleia Legislativa de Rondônia (ALE-RO), contemplando temas gerais cobrados em diversos cargos.
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